segunda-feira, 27 de abril de 2009

Estou numa de malhar (efeito retardado?)!

Controversa Maresia!? O que me parece de pouca controversa é que o pensamento do seu autor sobre o 25 de Abril, Santa Comba Dão, Salazar e o povo português (texto abaixo para quem não tiver paciência de fazer o link) cheira, esse sim, no mínimo, a maresia.

Sábado, 25 de Abril de 2009
sim, hoje estou de cravo encarnado ao peito
... ah pois estou. Já pensaram bem na maravilha que é andarmos todos por aqui e dizermos aquilo que nos apetece? A propósito: o povo, os autarcas e os ilustres de Santa Comba Dão merecem-se uns aos outros. Na televisão, vejo uma pequena multidão, grunha, inculta e envelhecida, que acha bem que a praça se chame "Dr. Oliveira Salazar", toda contente com os comes e bebes de graça. Acho a cena deprimente. Que cada terra seja livre para chamar às suas praças o que bem entender e que não aceite as críticas que lhe possam ser feitas quanto ao gosto, no mínimo duvidoso, da sua escolha, parece-me uma evidência salutar. Mas chateia-me que não se lembrem que, se o filho da terra ainda governasse, ninguém teria essa liberdade. Dar o nome de alguém a um lugar significa um tributo a esse alguém. Prestar homenagem a Salazar, para mais no dia 25 de Abril, é tão estúpido que nem chega a ser provocatório. Mas enfim, é também para isto que se fez a revolução: para autarcas labregos darem a uma praça o nome de um ditador que fez definhar o país durante décadas, só porque lhes apetece, e para os naturais acenarem em concordância enquanto, com as bocas sorridentes e desdentadas, abifam mais uma febra e engolem a décima mine.

O texto é tão incongruente entre, por um lado, aquilo que afirma pelo seu conteúdo e, por outro, o posicionamento que pretende assumir o seu autor, que se torna deprimente analizar. A senhora (presumo) é pró-valores de Abril, pois anda de cravo a comemorar a data (excuso-me referir os pretensos valores face a tantos anos de manipulação ideológica sobre os mesmos que temos sofrido). Mas na verdade, aquilo que diz e a forma como faz crítica é, no mínimo, classista, elitista, paternalista, céptica no que respeita à democracia. Exemplo acabado daquela esquerda chique, champagne e caviar que tanto prolifera por aí, ávida de bons carros, bons restaurantes e boas férias no estrangeiro, na verdade odiando o povo sobre o qual se julga superior ("Vejo uma pequena multidão, grunha, inculta e envelhecida...com as bocas sorridentes e desdentadas, abifam mais uma febra e engolem a décima mine"). Esquece-se esta senhora que talvez por continuar assim, este povo a quem foi prometido o desenvolvimento e a igualdade como paga do amputar de Portugal, é que novamente se vira para aquele que mais simboliza o Portugal traído. Salazar.

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